Pronto. E mais um dia passou.
Subirei agora as escadas em direcção ao meu quarto e escrever-te ei mais uma das miléssimas cartas que te tenho escrito nestes últimos tempos.
Tenho tanto para te dizer mas mal te encontro. Nao te procuro com intenções impuras. Não quero de maneira nenhuma revelar-te frustrações do passado e sentimentos ainda não expressos. Quero comunicar contigo: sentir que ainda sentes confiança em mim e que me sentes presente. Caso não o sintas talvez seja melhor partires de vez. Não aterres mais no meu porto.
Estou mesmo repleta de ideias, pronta a explodir em pensamentos vocalizados. Quero fazer me ouvir. Custará assim tanto?
Aspiro maravilhas talvez. Oh se ao menos tivesse credibilidade, se ao menos tudo não passasse de uma encenação: postos num palco a dançar à melodia do tempo, com tudo a correr à vista dos nossos olhos. O ecrã avisa-nos. Nós ignoramos. Pregamos pregos em paredes ocas. Definimos a nossa vida como seguir crenças e ideias impostas por outros: as crenças não passam de meras suposições, conjecturas; e as ideias impostas por outros limitam a nossa capacidade de raciocinar e criar próprias filosofias e caminhos. É preciso crer na verdade, no espirito humano e não no divino; é preciso não temer quaisquer imposições; é preciso lutar. Mas não há luta. Estão todos embebidos no conforto que a vida nos entrega, na facilidade que os dias acarretam. Encaminham-se em estradas mal construídas, afogam as suas dívidas em mares, deixam os seus obstruidores de comodismo para trás do muro. Oh se tudo hoje valesse como valia há uns anos atras! Oh se hoje fossemos todos dedicados e persistentes, lutadores e determinados, apaixonados e prudentes! Oh se hoje deixassemos de lado a inofensiva ideia de aterrar no mundo onde tudo é uma aragem fresca que nos afasta o cabelo da cara e encosta a roupa ao nosso corpo e onde nós ficamos apenas sentados na cadeira da altrapona na frente da nossa maravilhosa casa! Oh se...! A força humana é conseguida ao ultrapassar as barreiras que a dor nos impele, é enaltecida com esperança e dignidade. Façamos da força humana pequenos ingredientes essenciais à nossa sobrevivência. Plantemos a força humana como sementes nos nossos jardins. Aspiremos. Não nos rendamos às garras do tempo, em que o passado não passa de uma realidade ultrapassada e o futuro de um futuro presente. O futuro tem de ser a vitória do presente e o presente terá de ter sido a vitória do passado. Vitória! Vitória em ter incutido valores humanos eternos. Vitória em ter feito levantar todas as almas e tê-las posto em pé de igualdade. Vitória em especialmente ter evidenciado a capacidade humana de amar sem limites, infinitamente, tornando a distância e a ausência elementos fortalecedores de uma relação duradoura e verdadeira; de cultivar sentimentos e pensamentos; de aprender com honestidade, saber com factos e provas, intensificando a procura de mais e melhor; de perder com dignidade e ganhar com humildade; de lutar com determinação e força, coragem e persistência; de não render a ofensas e humilhações, perguiças físicas e mentais, confortos e facilidades. Vitória em sermos finalmente pessoas. Pessoa. Aspiração a ser pessoa. "YES WE CAN!"
Profiro dois pontos a fim de darmos continuação à aspiração. Qual será a história humana?
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sexta-feira, 23 de maio de 2008
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